Demanda por alto padrão e economia caminham juntas e, quando o segmento premium acelera, ele costuma sinalizar muito mais do que preferências de consumo. Segundo Alex Nabuco dos Santos, o apetite por imóveis, serviços e experiências de alta qualidade funciona como um termômetro de confiança, renda disponível e busca por proteção patrimonial. Em outras palavras, o mercado premium não “descola” da macroeconomia; ele a traduz em decisões concretas, especialmente em momentos de juros altos e incerteza.
Esse diagnóstico fica ainda mais relevante quando se observa o cenário de política monetária restritiva: o Banco Central manteve a Selic em 15% em dezembro de 2025, em postura cautelosa, mesmo com inflação em desaceleração. Saiba mais a seguir:
Demanda por alto padrão e economia: o que o “luxo resiliente” sinaliza sobre renda e confiança
A demanda por alto padrão costuma crescer quando parte do mercado tem renda previsível, baixa sensibilidade ao crédito e maior disposição para antecipar decisões de compra. Isso sugere uma economia com bolsões de consumo robusto, mesmo que outros segmentos estejam mais pressionados. No Brasil, o ciclo recente mostra que a construção e o mercado imobiliário podem avançar mesmo em ambiente de juros elevados, com entidades do setor projetando crescimento e reconhecendo entraves, mas sem interromper o movimento.
De acordo com Alex Nabuco dos Santos, quando o alto padrão segue firme em um período de custo do dinheiro elevado, a mensagem macro é clara: há confiança de longo prazo e percepção de valor em localização, qualidade e escassez. O comprador premium tende a olhar horizonte maior, avaliando não só o preço, mas a liquidez, a preservação do patrimônio e a vantagem de estar bem posicionado.

Juros, inflação e a busca por proteção patrimonial
A demanda por alto padrão também funciona como um reflexo do comportamento defensivo de investidores em períodos de inflação acima da meta e política monetária restritiva. Com a Selic em patamar elevado e o Banco Central mantendo tom hawkish, é natural que investidores comparem alternativas e busquem ativos com capacidade de preservar valor real. Ao mesmo tempo, a melhora gradual das expectativas de inflação pode reforçar decisões de compra.
Conforme informa Alex Nabuco dos Santos, o premium revela uma macroeconomia em que parte relevante do capital migra para “ativos de uso” com valor intrínseco: morar melhor, proteger o patrimônio e manter flexibilidade de revenda. Em imóveis, isso se traduz em preferência por regiões com oferta limitada, padrão construtivo superior e capacidade de sustentar preço mesmo em ciclos mais seletivos. E o mercado traz evidências de tração: em 2024, dados setoriais indicaram aumento de lançamentos e mudança de mix.
Sinais de investimento, oferta e “precificação por escassez”
A demanda por alto padrão, quando persistente, sinaliza também um movimento de investimento produtivo e reorganização de portfólios imobiliários. Em cidades e bairros onde terrenos são raros, o preço passa a ser sustentado pela escassez e pelo custo de reposição, o que fortalece a percepção de segurança do ativo. Em paralelo, o mercado de luxo pode ganhar escala e protagonismo: no Rio de Janeiro, por exemplo, há levantamentos apontando crescimento no segmento de luxo e maior participação do luxo nos lançamentos.
Assim como aponta Alex Nabuco dos Santos, quando o premium cresce junto com lançamentos bem posicionados, o recado macro é que há capital procurando qualidade e previsibilidade de valor, e não apenas preço baixo. Para o investidor, isso sugere uma economia em que a assimetria de renda influencia o mercado: enquanto parte das famílias sente mais o custo de crédito, outra parte decide por imóveis de maior ticket para diversificar, morar melhor ou travar um ativo escasso.
Conclui-se assim que, a demanda por alto padrão diz muito sobre a economia porque ela revela onde existe confiança, liquidez e visão de longo prazo. Em um cenário de juros altos e inflação ainda sensível, o avanço do mercado premium costuma indicar concentração de renda, busca por proteção patrimonial e preferência por ativos reais com escassez e liquidez. Para Alex Nabuco dos Santos, quem interpreta esses sinais com método consegue entender o que está por trás do “luxo”, é estratégia econômica aplicada ao cotidiano.
Autor: Maxim Fedorov