Governo Federal lança incentivo para indústria automotiva – Caminhões ficam de fora

Jorge Ghezier Por Jorge Ghezier

O Governo Federal anunciou um plano para reaquecimento da indústria automotiva no Brasil, que pode gerar um aumento significativo nas vendas de automóveis.
O anúncio foi feito após reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com representantes do setor automotivo, da qual participaram, além de Geraldo Alckmin, os ministros Fernando Haddad e Rui Costa, da Fazenda e da Casa Civil, respectivamente.

De acordo com o governo, as medidas tem caráter temporário, e focam especificamente na redução de preços dos automóveis. A medida principal reduz PIS, Cofins e IPI de veículos com preços de mercado até R$ 120 mil, envolvendo, ao todo, 33 modelos de 11 marcas.

O benefício será dado de forma variável, de acordo com a:

1.eficiência energética (nível de emissão de carbono);
2.densidade industrial (capacidade de gerar emprego e crescimento no entorno);
3.preço (ampliação do acesso).

Com a medida, poderá haver redução de até 10,96% sobre o valor de mercado dos veículos.

Para a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), a medida é muito positiva, com potencial para gerar um aumento de vendas neste ano da ordem de 200 mil a 300 mil unidades.

Esse incremento traz uma série de ganhos para a sociedade em termos de acesso do consumidor a carros 0 km e vantagens ambientais, no sentido que privilegia veículos de menor preço, descontos para modelos de baixas emissões de CO2 e de melhor eficiência energética, acelerando também o giro de veículos usados, e dessa forma a renovação da frota circulante.

O consumidor de veículos terá descontos que poderão variar de 1,5% a 10,96% no preço de todos os automóveis e comerciais leves disponíveis nas redes de concessionárias autorizadas e que custem até R$ 120 mil. Veículos acima deste valor não estão contemplados por este plano. Essa medida alcança também os atuais modelos que estão disponíveis para venda em concessionárias. As montadoras estão se preparando para atender esta nova demanda e por isso as pré-vendas já estão disponibilizadas.

“Não haverá perdas tecnológicas e de segurança veicular nos carros. São os mesmos modelos de hoje no mercado, com preços reduzidos por conta da menor incidência de IPI e PIS/COFINS. Os descontos serão maiores aos modelos mais acessíveis, de maior índice de nacionalização, maior eficiência energética e mais ambientalmente corretos”, destaca Márcio de Lima Leite, Presidente da ANFAVEA.

Caminhões ficam de fora
Neste ano, as vendas de caminhões foram duramente impactadas pela entrada em vigor da norma de emissões Euro 6, que fez os preços subirem em mais de 20%.

O anúncio do Governo Federal não contemplou os caminhões, que tem preços muito superiores aos R$ 120 mil dos veículos comtemplados no pacote de benefícios.

Mesmo assim, a indústria de caminhões espera que o governo crie um pacote de incentivos para aquisição de caminhões, com oferta de crédito facilitada.

Com os valores atuais dos caminhões, somados à alta dos juros para financiamento, a vendas foram praticamente paralisadas.

Várias montadoras anunciaram paralisações em suas fábricas, como Scania e Mercedes-Benz, e o cenário futuro continua nebuloso.

Do total de caminhões vendidos entre janeiro e abril, 36,4 mil unidades, 88,2% são caminhões Euro 5, produzidos até 31 de dezembro de 2022. Caminhões produzidos nesse ano respondem por 11,8% das vendas, ou apenas 4.295 unidades.

Fazendo uma conta simples, entre o total de caminhões Euro 6 vendidos nesse ano, 4.295 unidades, descontadas do total produzido, 31.752, o Brasil tinha, no final de abril, mais de 27,4 mil caminhões nas fábricas e concessionárias, esperando por um dono.

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